quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Jornalistas paraibanos debatem sobre Sensacionalismo

Um debate sobre Jornalismo sensacionalista acirrou os ânimos no auditório da reitoria da UFPB, chamando atenção para um grupo que protestava contra o apresentador Samuka Duarte e o estilo do seu programa de televisão, o Correio Verdade. A principio, a impressão que se tinha era de que o auditório - em maioria formado por estudantes universitários - concordava plenamente com a reivindicação, mas, com o passar do tempo, o mesmo grupo que arrancou aplausos e gritos de incentivo, fechou sua participação falando para as paredes. Lauro Lima, apresentador da TV Clube, até elogiou um dos manifestantes, que recitava um poema mesmo depois de ter o microfone arrancado de suas mãos.


Esse foi o clima da "Mesa Redonda", uma iniciativa do CA de Comunicação da Universidade Federal da Paraiba, que contou com a participação de convidados especialíssimos: Lande Seixas (secretário do sindicado de jornalistas da Paraíba) Bruno Sakaue e Patricia Rocha (TV Cabo Branco), Lauro Lima (TV Clube), Fábio Araujo (TV Tambaú), Jonas Batista (TV Arapuan) e, é claro, a presença polêmica de Samuka Duarte (TV Correio). Como mediadora, a profissional de comunicação Agda Aquino, que manteve uma postura firme até o caótico fim do evento. A mesma iniciou a discussão explicando brevemente sobre o jornalismo sensacionalista, deixando para Lauro Lima fazer suas primeiras considerações. Segundo Lauro, o jornalismo sensacionalista não fala nada além do que acontece no cotidiano e que, quem ousa ousar se propõe a ouvir opiniões adversas. Ele também relembrou sua trajetória na tv paraibana, e afirmou ser o precursor do seu modelo de apresentação, buscando muitas vezes aliviar as informações mesmo as tratando com seriedade. Lauro também enfatizou que acredita ter espaço para todos, portanto nunca brigou por números na audiência.


O jovem jornalista Fábio Araújo recebeu aplausos logo na primeira fala, quando admitiu fazer jornalismo sensacionalista. No entanto, ele ressaltou que é possível seguir esse estilo sem apelar para a "punição" e "transgressão", segundo ele vertentes em que o apresentador se porta, respectivamente, como a própria justiça e agride o cidadão, a sociedade e as leis do país. Fábio sugeriu que alguns apresentadores da televisão paraibana sequer sabem o básico do jornalismo, ocupando o tempo do seu programa com danças, assim confundindo liberdade de expressão com esculhambação. Para Fábio, esse tipo de jornalista está apenas interessado no dinheiro e que seu programa, o "Caso de Polícia", muitas vezes padece em função da seriedade com que trabalham. Com a palavra, Bruno Sakaue adverte que apesar da violência fazer parte do cotidiano, há também outros temas corriqueiros que são ignorados pelo jornalismo sensacionalista. Bruno mostrou-se a favor das manifestações e criticou a falta de lógica e o humor presentes no telejornalismo policial, já que para ele a televisão tem papel educativo. Ele defende que criança não deve assistir jornal, muito menos policial, mas que hoje em dia, infelizmente, o bandido ganha tratamento de pop star, citando o caso "chapola". Bruno acha que os efeitos do jornal atingem toda a sociedade, independente de assisti-lo ou não, sendo bastante aplaudido pela platéia.


Já Lande, secretário do sindicado de jornalistas, comentou ter ficado constrangido diante da recepção negativa a Samuka Duate, mas que está ciente de que o apresentador do Correio Verdade não passa de um objeto de arrecadação nas mãos de empresários. Porém, já no fim, Lande assumiu ter ficado satisfeito com a indignação dos estudantes. Alguns, assim como eu, ficaram confusos.


Assim como Lauro, Jonas Batista relembrou sua carreira e falou sobre a importância do debate. Ele também sustentou que a violência é o grande combustível não apenas do sensacionalismo, mas também é tema principal de novelas, filmes, e etc., garantindo que - apesar de trabalhar com sensacionalismo - sempre procura provocar a reflexão das pessoas.  Outro convidado a elogiar o momento foi Patrícia Rocha, se dizendo feliz ao ver a existência de pessoas que compartilham com sua revolta. A jornalista reconheceu o interesse das pessoas pela violência, mas, de acordo com ela, nem tudo convém exibir. Ela salientou que mostrar o que o povo quer ver é entretenimento e não jornalismo, sendo tarefa fácil fazer um jornalismo líder de audiência e isento de responsabilidade, uma vez que o apresentador é necessariamente um formador de opinião.


"Eu virei saco de pancadas" - Exclamou Samuka em uma das primeiras frases, completando que sua presença não foi impulsionada pelo desejo de criticar colegas de trabalho, mesmo porque ele não é o único a fazer esse tipo de programa. Samuka foi vaiado ao se defender com o lema "pimenta nos outros dos outros é refresco", rapidamente relembrando a democracia e assegurando que respeita as manifestações contra ele, mas que esse é seu jeito de apresentar e que usa a linguagem do povo. Nesse momento, houve uma intensa batalha entre aplausos e vaias, sendo a primeira superada após o apresentador propor que mudem de canal e deixem de assisti-lo. Samuka também reclamou da hipocrisia dos outros participantes, questionou a origem e motivação dos protestos e apontou a preocupação da concorrência como decorrência do seu sucesso. Com sua desenvoltura inquieta, o apresentador paraibano primeiro lugar em audiência encerrou seu momento com a seguinte frase: "Quem tem medo de defecar, não come".

Peço que reflitam.

3 comentários:

Anônimo disse...

Bom,
Já trabalhei em rádio e tv durante muitos anos.
De administração a apresentação de tv, fiz quase de tudo em rádio e tv.
Não participei do debate, mas pelo seu relato e pelo fato de conhecer TODOS os participantes, parece-me que apenas Samuka e Jonas, não foram hipócritas.
A afiliada Globo, é uma das que mais usa de hipocrisia.Um dia se vc trabalhar nessa empresa irá entender o que estou falando.
Principalmente na parte política, a TV Cabo Branco, é mais carcomida que as outras.
Mas,deixemos pra lá.
A Tambaú, é uma empresa que tenta fazer de tudo pra crescer, mas não consegue.Posa de ética, mas aqui pra nós, é uma piada essa postura.A Clube, sem comentário.Tem nem o que se falar.
Não assisto esse tipo de programa, mas é inquestionável, que o sr Samuka, é de longe o que melhor exerce esse papel de apresentador.
Geralmente, essas pessoas que protestam avidamente, serão os corruptos de amanha, é só olhar pra história o Brasil e do mundo.
Esses alunos, se chegarem a se tornar profissionais, serão os mais "vendidos, pode acreditar.

quinta-feira, outubro 20, 2011
Sheyla Mayra disse...

Eu "ouvi" falar sobre essa mesa redonda pelo twitter, fiquei curiosa e agora entendi tudo. Só senti falta de uma coisa, tua opinião! :)
Beijo!

quinta-feira, outubro 20, 2011
Laura Maisa disse...

vc tem mt talento menina. excelente post! parabéns!!!

sexta-feira, outubro 21, 2011

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