sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Efeito dominó desespera o maior grupo de comunicação do mundo

No primeiro semestre de julho, o tablóide dominical mais vendido da Inglaterra, com seus 168 anos de fundação, despediu-se com um melancólico "Adeus e Obrigado". O grupo controlador "News International" optou pelo fim do jornal em meio aos últimos escândalos. Parece confuso, tratando-se do lendário "News of the World", mas dessa vez o drama não foi somente mais uma das suas manchetes, como também o motivo que o levou ao declínio.

Referência para o mundo, a mídia eletrônica inglesa é reconhecida pela credibilidade, mas o jornalismo sensacionalista quase põe tudo a perder. O estrago desses tablóides na sociedade e os efeitos na vida das pessoas ultrapassam todos os limites imagináveis. E sem qualquer impedimento, o mínimo que essa imprensa oferece é noticias falsas. O "News of the World", do magnata Rupert Murdoch, acostumou-se com a aprovação do povo e cada vez mais enfiava os pés pelas mãos. Foram anos reinando às custas da tranqüilidade alheia, e como se fosse um vício, a dose – lê-se exposição –  era cada vez mais alta.
Se bem que a palavra privacidade e ética nunca fizeram parte do tablóide em questão, que cansou de grampear telefones de celebridades, políticos, esportistas, atores, policiais, e até da família real, para depois vender milhões em um único dia. Estranhamente, o governo britânico nunca interferiu, mesmo o ato sendo ilegal e explícito.  É claro que havia, no íntimo consentimento dos leitores, o pensamento de que não importava que fosse errado, importaria apenas quando algum domínio superior tomasse coragem de agir. Mas, ironicamente, nasceu da opinião pública o poder que derrubou o império. 
 ( Na foto: Rupert Murdoch  e a família) 
Foi o caso de Milly Dowler, sequestrada e morta aos 13 anos, que provocou fúria em quem sempre fortaleceu o tablóide. Isso tudo por que o "News of the World" resolveu grampear o telefone da garota em busca de informações exclusivas, excluindo os registros, atrapalhando a investigação policial e pior, fazendo todos pensarem que a menina ainda estava viva enquanto eles vendiam publicações sensacionalistas. A farsa durou algum tempo, mas por meio de denuncias, o jornal foi desmascarado. A massa caiu em cima, e de repente, os podres acumulados em todos esses anos finalmente pareciam incomodar. E diante de tamanha repercussão, não houve manipulação, manobra política ou uso de poder que abafasse o escândalo. Murdoch compareceu humilhado ao tribunal. E denúncias de todos os tipos não param de surgir, detonando uma imensa crise no News International, dono de ações em empresas de comunicação no mundo inteiro, inclusive na Rede Globo.

Há quem garanta que a dramática fase que vive o maior grupo de comunicação do mundo representa o começo do fim. Tal realidade até parece filme de terror para o fundador Rupert Murdoch, o décimo terceiro homem mais poderoso do mundo que hoje, aos oitenta anos de idade, assiste não só o efeito dominó das suas empresas, como também a guerra entre os filhos pela direção do seu patrimônio.

Como já dizia John Dalberg-Acton, "O poder corrompe, mas o poder absoluto corrompe absolutamente." Será que Murdoch achou que um dia teria o seu rosto e dos seus filhos estampados em tantas manchetes constrangedoras?

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